PERTURBAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR
As perturbações do comportamento alimentar incluem dois tipos: Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa.
As características essenciais da Anorexia Nervosa resultam da recusa em manter um peso corporal mínimo, do medo intenso de ganhar peso e da significativa perturbação da percepção do tamanho e formas corporais. Segundo Thompson (1996), o conceito de imagem corporal envolve três componentes: (1) Perceptivo, que se relaciona com a precisão da percepção da própria aparência física, envolvendo uma estimativa do tamanho corporal e do pesao; (2) Subjectivo, que envolve aspectos como satisfação com a aparência, o nível de preocupação e ansiedade a ela associada; (3) Comportamental, que focaliza as situações evitadas pelo i´ndivíduo por experimentar desconforto associado à aparência corporal.
Distorções cognitivas relacionadas à avaliação do corpo, comuns em indivíduos com transtornos alimentares, incluem: pensamento dicotômico — o indivíduo pensa em extremos com relação à sua aparência ou é muito crítico em relação a ela; comparação injusta — quando o indivíduo compara sua aparência com padrões extremos; atenção seletiva — focaliza um aspecto da aparência e erro cognitivo, o indivíduo acredita que os outros pensam como ele em relação à sua aparência.
Estudos revelam uma prevalência em mulheres no fim da adolescência e início da idade adulta encontrando-se taxas de 0.5% - 1,0% para quadros com um conjunto completo de critérios para a Anorexia Nervosa. Contudo, verifica-se um aumento de anorexia no género masculino.
Como principais sintomas temos: amenorreia (ausência de períodos menstruais), perda de peso, obstipação (prisão de ventre), intolerância ao frio, cefaleias (dores de cabeça), tonturas, hiperactividade e apatia. Face a estes sintomas, podem surgir complicações clínicas tais como: desnutrição, alterações no metabolismo e problemas a nível gastroentestinal, cardiovascular, renal, neurológico, hematológico, endócrino e ósseo, bem como atraso no crescimento.
A Bulimia Nervosa caracteriza-se por ingestão compulsiva de alimentos e a utilização de métodos compensatórios inapropriados para impedir o aumento de peso. Para "compensar" o ganho de peso, o bulímico exercita-se de forma desmedida, vomita o que come e faz uso excessivo de purgantes, diuréticos e enemas. Essas pessoas podem ainda jejuar por um dia ou mais também na tentativa de compensar o comer compulsivo, muitas vezes entrando em um repetivivo ciclo de intensa restrição alimentar alternadas com farras culposas que o levam ao sistema compensatório. A própria restrição alimentar excessiva pode ser uma das desencadeadoras dos episódios compulsivos. O bulímico geralmente se encontra com peso normal, levemente aumentado ou diminuído (mas não chegando à magreza da anorexia). Essa aparência de normalidade muitas vezes dificulta que se identifique o problema, o que muitas vezes leva a uma demora em se procurar ajuda.
Assim, um episódio de ingestão compulsiva caracteriza-se pela ingestão num período curto de tempo de uma quantidade anormal de alimentos que a maioria das pessoas não conseguiria comer em circunstâncias iguais, isto é, por um período inferior a 2h.
A bulimia nervosa geralmente começa no fim da adolescência ou início da idade adulta. Os episódios de ingestão compulsiva habitualmente começam durante ou após um período de dieta.
Como principais sintomas temos: peso normal, excesso de peso ou obesidade, diarreias, depressão, ansiedade e ideias suicidas e amenorreia. Isto leva-nos a complicações clínicas, nomeadamente: hipertrofia das glandulas salivares, perda de esmalte dentário e cáries, lacerações no palato e faringe, hipocaliemia, arritmias cardíacas, hipotensão, distenção abdominal, diminuição dos reflexos e calosidade nas mãos devido ao hábito de provocar o vómito.